5 de outubro de 2013

DAVID COVERDALE - NORTHWINDS (1978)


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Northwinds é o segundo álbum da carreira-solo do vocalista britânico David Coverdale. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 1º de março de 1978, através do selo Purple Records. As gravações ocorreram entre março e abril de 1977, no AIR Studios, em Londres, na Inglaterra. O produtor foi o ex-baixista do Deep Purple, Roger Glover.

David Coverdale é um vocalista consagrado em todo mundo. Ficou inicialmente conhecido como o substituto de Ian Gillan no Deep Purple e, depois, como líder e fundador do também mítico Whitesnake. Neste post, vamos falar do intervalo entre a saída do Deep Purple e a fundação do Whitesnake.

David Coverdale


Em junho de 1975, muitos acharam que o Deep Purple estava acabado. Um de seus líderes e fundadores, o guitarrista Ritchie Blackmore, deixou o grupo.

Um dos motivos alegados por Blackmore foi a sonoridade do álbum Stormbringer (1974), no qual o Deep Purple experimentou ainda mais a fusão de seu Rock com os ritmos americanos do Funk e do Soul. Isto não deixou o talentoso guitarrista nenhum pouco feliz, apesar do sucesso de público e crítica do disco (e das boas vendas).

Sem Blackmore, a imprensa foi taxativa em afirmar que o Deep Purple havia acabado. Mas coube a David Coverdale evitar, ao menos instantaneamente, o colapso de um dos maiores nomes do Rock nos anos 70.

Foi David Coverdale que chegou ao tecladista do Deep Purple, Jon Lord, e pediu para que não permitisse que a banda se dissolvesse e mantivesse todos juntos.

Ao mesmo tempo, Coverdale entregou a Lord um álbum que o guitarrista norte-americano Tommy Bolin havia gravado com Billy Cobham. Além deste trabalho, Bolin havia tocado com o James Gang.

Lord gostou do estilo de Bolin e o convidou para uma audição com o Purple. Assim, a banda foi formada por Coverdale nos vocais, Bolin na guitarra, Lord nos teclados, Ian Paice na bateria e Glenn Hughes no baixo e nos vocais.

Com esta formação, o grupo grava um único álbum: Come Taste The Band, lançado em outubro de 1975.

O álbum teve menos sucesso do que os registros anteriores, e, no final da turnê em março de 1976, Coverdale supostamente saiu em lágrimas do palco e entregou a sua demissão aos líderes da banda.

Em relação ao seu pedido de demissão, a resposta foi que não havia mais banda para deixá-lo sair. A decisão de dissolver o Deep Purple já havia sido tomada algum tempo antes do último show, por Jon Lord e Ian Paice (os últimos membros originais remanescentes), embora ambos não tivessem a contado para ninguém.

A dissolução da banda foi finalmente tornada pública em Julho de 1976. Coverdale disse em uma entrevista: "Eu estava com medo de deixar a banda, pois era a minha vida. O Purple me deu minha fama, mas ao mesmo tempo eu queria sair”.

Após o fim do Deep Purple, Coverdale embarcou em uma carreira-solo. Ele lançou seu primeiro álbum em fevereiro de 1977, intitulado White Snake. Todas as músicas foram escritas por Coverdale e o guitarrista Micky Moody.

Micky Moody


Sobre seu primeiro trabalho solo, Coverdale admitiu mais tarde que o trabalho não saiu exatamente como ele desejava, uma vez que foi composto e concebido pouco depois do colapso do Purple e muitos sentimentos difusos e complexos ainda perduravam.

Mesmo que o álbum não foi bem sucedido comercialmente, seu título inspirou o nome da futura banda de Coverdale.

David decidiu continuar trabalhando e voltou-se para gravar seu segundo trabalho solo.

Novamente, Coverdale contou com o auxílio do guitarrista Micky Moody e a produção de outro nome ligado ao Deep Purple, o baixista Roger Glover.

O disco foi batizado de NorthWinds e tem uma capa simples, uma imagem de um rio com árvores e uma foto de David.

KEEP ON GIVING ME LOVE

Abre o disco  a canção “Keep On Giving Me Love”.

Já no início da faixa de abertura o ouvinte percebe que as influências de Blues estão proeminentes no trabalho. O riff é cadenciado e calcado na sonoridade bluesy, assim como a interpretação do vocalista Coverdale. Trata-se de uma música bastante interessante e um bom começo para o álbum.

As letras são simples em tom de amor e de reflexão:

I don't mind,
You can think it over slow,
And tell me what you find
I'm marking time,
If you got love to give,
Baby, I don't mind



NORTHWINDS

A segunda – e homônima ao álbum – faixa do trabalho é “Northwinds”.

“Northwinds” tem um início bastante suave, tocante e melódico. Os teclados são mais presentes, acompanhando de maneira bem positiva a bela voz de Coverdale. Assim, a canção se aproxima bastante de uma balada, mas com a típica veia Hard dos anos 1970. Certamente, um dos pontos mais altos do disco.

As letras são tocantes, em um tom que mistura vazio e nostalgia:

I'll take the sun before the rain anyday, oh Lord
Call on the northwinds when any clouds gets in my way
Nothin' ever changes, the song remains the same
Feel I got a one way ticket,
Oh I'm sittin', sittin' on an empty train...



GIVE ME KINDNESS

“Give Me Kindness” é a terceira música do disco.

O Hard bluesy continua com tudo na terceira faixa do trabalho. Desta vez, Coverdale conta com a ajuda do lendário Ronnie James Dio e sua esposa Wendy nos backing vocals, em uma música a qual tem fortíssimas influências norte-americanas, especialmente da sonoridade sulista daquele país. Ótimo trabalho.

As letras continuam com o toque de alguém tentando se encontrar:

Honey, if you lie to me
I just want to know if,
If your love is true
Cause one day I'll joke
On all this whiskey and coke
And I'm sure I'll put the blame on you
Maybe baby you could show me some more,
You seem to be feeling good
Everytime I wanna hold you baby,
Give me what a good woman should
You tell me who, who, who has been fooling who?



TIME AND AGAIN

A quarta canção do álbum é “Time And Again”.

O romantismo pelo qual David Coverdale ficaria internacionalmente conhecido dá as caras em “Time And Again”. A faixa tem belíssimas linhas melódicas e o vocal de Coverdale está em um momento brilhante, com um show de interpretação e emoção. Umas das mais belas baladas que o lendário vocalista já compôs.

A letra é uma verdadeira declaração de amor:

We wasted words on conversation,
'cos all I wanna do is just talk about,
The woman I love, woman I love...
I never thought I could be this way,
When I hold you in my arms
I know I just wanna stay this is the place I should be,
In sweet harmony with the woman I love



QUEEN OF HEARTS

“Queen Of Hearts” é a quinta música de Northwinds.

É impossível ouvir esta canção e não pensar na sonoridade dos primórdios do Whitesnake. O teclado está presente e a guitarra marcante, ambos com o toque de Blues, em uma fusão quase perfeita com o Hard setentista. Os vocais de Coverdale se destacam, mais uma vez, de maneira brilhante.

Outra vez, a letra é uma declaração de amor:

You gave me the answer,
I knew right from the start
I'm gonna tell you, holy roller,
They say that love's a gamble,
But, I got the Queen of Hearts



ONLY MY SOUL

A sexta faixa de Northwinds é “Only My Soul”.

A canção se desenvolve de maneira mais suave e com linhas melódicas bastante tocantes. A interpretação de Coverdale é muito intensa, impregnando (no melhor sentido) a música de sentimento e intensidade. A voz de David está belíssima. O refrão é mais forte, mas apenas para tornar toda a construção em um altíssimo ponto do trabalho.

As letras passam o sentimento de solidão:

Broken dreams lay all around me,
Sad eyed children of despair
Whispered voices in the distance
Call me on to who knows where



SAY YOU LOVE ME

“Say You Love Me” é a sétima canção do disco.

Esta música traz novamente o tom melancólico e mais suave que Coverdale espalhou em boa parte deste álbum. Sua interpretação, através de sua voz, está novamente brilhante. Sua belíssima voz é o grande destaque, mas não é apenas isto, a banda que o acompanha faz um ótimo trabalho. A canção é uma quase balada, com forte toque bluesy.

O tom romântico é novamente a base das letras:

Never ever gonna leave ya,
So dry your eyes and smile again
Say the words I need to hear...
Say you love me, say you love me
Say that you need me,
I can't take it anymore...



BREAKDOWN

A oitava – e última – faixa de Northwinds é “Breakdown”.

“Breakdown” volta com o Hard setentista típico, sendo uma faixa mais rápida, pesada e consideravelmente mais animada. Há um certo toque de Deep Purple em seu som, o que é ótimo. As guitarras marcam presença e a interpretação de Coverdale é excelente, casando-se perfeitamente com a base, terminando o trabalho de ótima maneira.

As letras são simples, em um tom que envolve rebeldia e desordem:

But, I never saw the splendour
In stealing all your gold,
Taking all your silver
And doing what I'm told



Considerações Finais

Northwinds teve uma boa recepção da crítica, consideravelmente melhor que o seu primeiro intento em carreira-solo.

Mas isto não se refletiu em termos de vendagens ou mesmo de aparição nas principais paradas de sucesso do Reino Unido ou Estados Unidos. Comercialmente, o trabalho não teve muita repercussão.

A verdade é que mesmo antes de Northwinds ser lançado, no início de 1978, David Coverdale já havia convidado o guitarrista Micky Moody e formado uma nova banda: o Whitesnake.

Desta maneira, 4 canções presentes em Northwinds (“Keep on Giving Me Love”, “Queen of Hearts”, “Only My Soul” e “Breakdown”) acabaram fazendo parte do primeiro lançamento do Whitesnake, o EP Snakebite, também lançado em 1978.



Formação:
David Coverdale - Vocal, Piano
Micky Moody - Guitarras, Backing Vocals
Tony Newman - Bateria, Percussão
Alan Spenner - Baixo
Tim Hinkley - Teclados, Backing Vocals

Faixas:
01. Keep on Giving Me Love (Coverdale/Moody) - 5:16
02. Northwinds (Coverdale) - 6:13
03. Give Me Kindness (Coverdale) - 4:34
04. Time and Again (Coverdale) - 4:02
05. Queen of Hearts (Coverdale/Moody) - 5:16
06. Only My Soul (Coverdale) - 4:36
07. Say You Love Me (Coverdale) - 4:21
08. Breakdown (Coverdale/Moody) - 5:15

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/david-coverdale/

Opinião do Blog:
A música é uma expressão artística. Ela é como uma fotografia da alma de seu compositor em um dado momento, carregando boa parte de seu estado de espírito, de suas bagagens emocional e cultural. Neste ponto, Northwinds é um excelente retrato do momento de David Coverdale em 1978.

Ao se analisar as letras de Northwinds, percebe-se que, em algumas delas, o vocalista encontra-se em um momento de busca, melancolia e, em outras passagens, até vazio. Coverdale deixou suas emoções “escaparem” em seu segundo trabalho solo. Assim, a transição entre o fim do Deep Purple e o surgimento do Whitesnake pode ser percebido através deste álbum.

Mesmo não sendo nenhum sucesso comercial, o disco Northwinds foi primordial na vida de David Coverdale. Ele deu as bases para o surgimento do grupo que tomou conta da maior parte da vida de David e com o qual ele gravou muitos de seus sucessos.

Em Northwinds, Coverdale deixou sua veia romântica fluir mais consistentemente, talvez, pela primeira vez. O trabalho apresenta belas baladas como “Northwinds”, “Time And Again” e “Only My Soul”. E o vocalista ficaria conhecido mundialmente (pelo Whitesnake) por esta sua veia romântica.

Mais que isto, em algumas canções há o embrião da sonoridade inicial dos primeiros álbuns do Whitesnake (que são de qualidade inquestionável). Aquele Hard 70’s repleto de influências do Blues, como em “Breakdown” e “Keep On Giving Me Love”.

O trabalho possui boas músicas, mesmo não sendo brilhante. O maior peso do mesmo está em ser o embrião do Whitesnake – tanto que metade de suas canções foram colocadas no EP inicial do futuro grupo de Coverdale.

Com brilhantes interpretações de Coverdale e algumas belas canções, o segundo álbum solo do vocalista é indicado para audição aos leitores do Blog. E, conforme ficou claro, pesa o fato de ser a origem de um dos grandes nomes do Hard Rock em todos os tempos, o Whitesnake.

2 comentários:

  1. Trata-se de um belo álbum, que tive a oportunidade de conhecer em vinil quando foi lançado no Brasil nos anos 80, e posteriormente obtive em CD. Acho as duas primeiras músicas simplesmente matadoras: "Northwinds" é top 10 fácil das melhores composições de Coverdale pós-Purple, e "Keep on Giving me Love" tem um sabor de Deep Purple Mk IV que não se repete no disco. Outros destaques para mim são a épica "Queen of Hearts" e a bela "Time and Again", bem como "Only my Soul" - melhor performance vocal do disco, e uma das melhores da carreira do Coverdale.

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    1. Faz tempo que não ouço. Agora que me dei conta que escrevi este texto há 9 anos, mas é um disco de que eu sempre gostei bastante.

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